Escoteiros pregam disciplina aos jovens
Diário de Suzano ed.: 8897 - 22 de maio de 2011
Quando
morava em Lorena e as filhas, Ana Carolina e Vitória, ainda eram pequenas
Ademilson de Souza Freire descobriu um grupo de escoteiros na cidade. A partir
de então, passou a frequentar o grupo e logo virou um dos instrutores. Ao se
mudar para Suzano decidiu organizar os escoteiros e hoje contabiliza cerca de
100 jovens e outros 20 adultos que atuam como “chefes”. Mais do que encontros
entre jovens, o escotismo prega a auto-disciplina e o desenvolvimento das
habilidades dos jovens.
Em
Suzano, o grupo não tem perfil definido e a faixa etária vai dos 6 aos 18 anos.
Todos os sábados eles têm um encontro marcado das 13h30 às 17 horas no Parque
Municipal Max Feffer. Lá são realizadas atividades diversas e passeios que
incluem conteúdo cultural e contato com a natureza. Confira a seguir trechos da
entrevista:
DS – Os
escoteiros existem há quanto tempo?
Freire
– Existem há dois anos, mas estamos legalizando tudo agora, embora sejamos
filiados ao Grupo Escoteiros do Brasil estamos legalizando o grupo no sentido
de ter um CNPJ, uma pessoa jurídica mesmo, tudo direitinho. Nossa intenção é
aumentar cada vez mais o número de garotos porque certamente eles vão fazer a
diferença na vida dessa cidade. Nós os estimulamos a participar da vida social
no sentido de construir coisas, de participar. Por exemplo, os garotos estavam
participando da campanha do óleo, do agasalho. É esse o homem e a mulher que
queremos, pessoas felizes, capazes que ajudam a construir alguma coisa boa,
gente de bem, porque tão carente é a educação, falta de respeito um com o
outro, tudo diferente do que a gente prega lá.
DS –
Você já foi escoteiro quando criança? Como surgiu isso?
Freire
– Eu morei em Lorena durante um tempo, quando fui para lá, minhas filhas eram
pequenas e um dia vimos os escoteiros na praça em Lorena e ficamos encantados.
Na semana seguinte já as levei no grupo e elas já participaram. Rapidamente,
como eu me identifiquei com o grupo, com o movimento do escoteiro, com as
características de moral, ética e disciplina, já comecei a trabalhar também
como chefe. É um adulto que trabalha como chefe. Fiz os cursos, depois minha
esposa passou em um concurso público em Suzano – e como lá é um pouco difícil
de se ganhar a vida – viemos para cá e verificamos que aqui não tinha grupo de
escoteiros. Essa era uma paixão nossa, todo sábado a gente falava: ‘puxa e
agora? O que vamos fazer?” Já estava acostumado com aquele ritmo, todo final de
semana com acampamento e o grupo mais próximo era Mogi. A gente falava: ‘puxa
não é justo uma cidade tão grande como Suzano não ter um grupo de escoteiros”.
No dia 5 de maio de 2009, iniciamos as atividades do grupo e em 8 de agosto de
2009 nós fundamos o grupo.
DS –
Onde as pessoas podem encontrar vocês?
Freire
– Agora nós estamos no Parque Max Feffer, que o secretário de Esporte, Fausto
Pizzolato, nos cedeu gentilmente, e me parece que vai até construir um espaço
para que nós fiquemos ali por tempo indeterminado. A história conta que os dois
últimos clubes de escoteiros que existiam aqui deixaram de existir por falta de
sede. Uma semana em um lugar, na outra no outro e as crianças não conseguiam
firmar raízes, por isso fechou.
DS –
Para o senhor que há tanto tempo lida com isso, qual é a principal missão do
escotismo?
Freire
– O propósito do escotismo, do movimento dos escoteiros, é fazer com que cada
jovem assuma a responsabilidade pelo seu crescimento, pelo seu
auto-aperfeiçoamento, ele vai crescer através de princípios, de métodos de
jogos de acampamento, sendo um cidadão. Ele vai buscar sempre uma melhora
contínua, dentro de casa, no movimento do escoteiro, na igreja que ele
frequenta. Então, eu diria que o propósito do movimento do escoteiro é o
aperfeiçoamento do jovem para que ele se torne bons cidadãos.
DS – E
quais são essas atividades?
Freire
– Essas atividades são técnicas, ou seja, ele aprende tecnicamente como fazer
uma mesa, fazer uma cama, montar uma barraca, aprende como se guiar, ver
horário através do sol, ver se vai chover. Aprende a trabalhar em equipe, a
parte histórica, a gente viaja. Tem gente que quando ouve falar em movimento de
escoteiro pensa que é só acampamento, a gente vai para o Playcenter, vai para
museu, atividades onde eles possam tirar o máximo possível de proveito,
atividades sempre em equipe, todos juntos. O escotismo é uma grande
fraternidade, isso eu prego ao máximo. Somos irmãos, somos uns pelos outros.
Tanto isso é verdade que já há vários exemplos dos nossos garotos do grupo com
o símbolo do escoteiro – que é uma flor de lis -, eles vêm se abraçam e a gente
exemplifica muito isso, a grande fraternidade mundial que é isso.
DS – No
decorrer da vida, como isso pode influir na formação desse jovem?
Freire
– O escotismo é muito disciplinado, tanto que ele tem uma descendência militar,
e a disciplina que impera é a auto-disciplina. O garoto, a menina, vai ser
auto-disciplinado não porque a gente obriga, mas porque ele sabe que aquilo vai
ser bom para ele. Da mesma forma que o garoto sabe que se escovar os dentes vai
ser bom para a saúde, ele sabe que se ele fizer uma boa ação aquilo vai sempre
voltar para ele e para a sociedade.
DS – E
influi na carreira?
Freire
– Quando o garoto entra ele é monitorado. A gente vai verificando quais são as
habilidades, os dons que ele tem latentes. Na casa, na escola ele não consegue
se descobrir, então no movimento dos escoteiros tem uma coisa chamada
especialidades. É onde o garoto tem a oportunidade de se expressar. Tem um
monte de especialidades. Se o garoto gosta de informática, ele pode fazer um
relatório, afinar alguma coisa nesse sentido. E ele ganha um distintivo que ele
vai colando no uniforme. Ou ele gosta de cozinhar, de fazer bolo, ele também
ganha distintivo. E nisso, nessa brincadeira, ele mesmo vai vendo a capacidade
que ele tem. E uma das coisas que a gente preza no grupo de escoteiros é a
auto-estima e isso é tudo que nos pais querem para os filhos. Uma pessoa com
uma auto-estima boa é uma pessoa feliz, que tem uma mente aberta e que
contribui de todas as formas com a sociedade.
DS –
Como você vê o escotismo?
Freire–
Vejo como uma ferramenta pedagógica feliz porque o garoto nem imagina que ele
vai para lá, vai fazer a barraca dele, a cozinha dele ele está saindo de noite
com uma lanterna no meio do mato, ele nem imagina que aquilo vai ser bom para
ele. Ele está se descobrindo, ganhando auto-confiança para continuar a
caminhada e a gente preserva muito a questão do garoto estar sempre alerta,
fazer o melhor possível. Todos os pais comentam como os meninos estão estudando
mais, não responde mais em casa, então a gente se sente útil também pelo
trabalho que a gente faz.
http://www.diariodesuzano.com.br/noticia.php?id=258107
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